Monday, January 31, 2011

Carta Aberta do Anonymous ao Governo do Reino Unido

Caro Governo do Reino Unido,

Nós somos Anônimos. Ficamos atentos ao fato de que vocês acharam necessário prender cinco dos nossos colegas anônimos por sua participação nos ataques de DDoS às organizações Paypal, Mastercard, entre outros, que foram conduzidos em nosso nome em retaliação às ações dessas mesmas empresas em relação ao WikiLeaks. Nós entendemos que vocês pretendem acusar esses colegas com base nos crimes estabelecidos pelo Ato de Uso Indevido de Computadores de 1990, que proíbe debilitar o funcionamento de um computador e a leitura apropriada de dados. O Anonymous acredita, entretanto, que prosseguir com essa atitude é um triste erro da vossa parte. Isto não apenas revela o fato de que vocês parecem não entender a realidade política e tecnológica da atualidade, como nós também entendemos isso como uma séria declaração de guerra de vocês, o Governo do Reino Unido contra nós, Anônimos, o povo.
Antes de tudo, é importante perceber exatamente o que é um ataque DDoS e o que ele significa no contexto político contemporâneo. Conforme os meios tradicionais de protesto (manifestações pacíficas, barricadas, e o piquete de portão de fábrica) aos poucos foram se transformando em nada mais do que um gesto vazio e ritualizado de insatisfação no decorrer do último século, as pessoas vêm buscando ansiosamente novas formas de pressionar os políticos e dar voz às exigências públicas de uma forma que possa efetivamente mudar as coisas para melhor. O Anonymous encontrou, atualmente, esta nova forma de dar voz aos protestos civis na forma de DDoS, ou Ataque Distribuído de Recusa de Serviço. Do mesmo jeito que acontece nas formas tradicionais de protesto, nós bloqueamos o acesso à infraestrutura de nossos oponentes para fazer nossa mensagem ser ouvida. Se esta estrutura está localizada no mundo real ou no cyberespaço, para nós não faz diferença.
Além disso, nós gostaríamos de aproveitar esta oportunidade para esclarecer de uma vez por todas a diferença entre um ataque DDoS e hacking, já que esses conceitos são confundidos frequentemente pela mídia e pelos legisladores quando se referem ao Anonymous. Hacking tal como é definido pela lei é “O acesso não autorizado a um computador ou a uma rede”, ao passo que um ataque DDoS é simplesmente um caso de milhares de pessoas estabelecendo conexões legítimas a um servidor web publicamente acessível ao mesmo tempo, usando toda a banda ou poder de processamento do dado servidor de uma vez causando assim um “congestionamento de tráfego”.
Fica claro, portanto, que prender uma pessoa por tomar parte em um ataque DDoS é exatamente igual a prender uma pessoa por participar de uma manifestação pacífica em sua cidade natal. O Anonymous acredita que este direito de protestar pacificamente é um dos pilares fundamentais da democracia e não deve ser proibido de qualquer forma. Além disso, nós percebemos que ataques semelhantes vem sendo realizados contra o próprio WikiLeaks, entretando, ninguém foi preso por conexão a estes ataques, sequer existem quaisquer sinais de uma investigação a esse respeito. No entanto, nós sabemos exatamente quem foi responsável pelo ataque. O Anonymous acredita que é injusto e hipócrita tentar colocar esses 5 anônimos presos sem sequer tentar encontrar quem atacou o website ao qual vocês se opõem. Por esse motivo nós só podemos assumir que essas prisões são motivadas politicamente, e estão sendo realizadas sob a pressão do Governo dos EUA. O Anonymous não pode e não irá, cruzar os braços enquanto essa injustiça está sendo cometida.
Além disso, a sentença máxima que esses 5 anônimos podem pegar sob o Ato do Uso Indevido de Computadores é de dez anos de prisão e uma multa superior a 5.000 libras. Nós queremos que vocês percebam quão ridículas são essas sentenças, dada especialmente a natureza de um ataque DDoS e sua falta de dano permanente ao website alvo. Infligir essas dura sentenças (a menores de idade, inclusive!) irá praticamente arruinar suas vidas, tirando suas chances de ter acesso a uma educação de nível superior, ou qualquer tipo de futuro apropriado, simplesmente por que participaram de um cyber-protesto pacífico e defenderam seus direitos. Uma multa alta como 5000 libras também iria criar enorme restrições às famílias desses menores. Nós esperamos que vocês considerem a proposta de alterar o quadro legal para aqui que é, no pior dos casos, uma contravenção leve.
E por último, mas não menos importante: O fato de milhares de pessoas ao redor do mundo sentirem a necessidade de participar destes ataques a organizações que visam o WikiLeaks tratando o assunto como uma ameaça pública, ao invés de um bem comum, deve ser algo que os deveria levar a pensar. Vocês podem prender indivíduos facilmente, mas vocês não podem prender um ideal. Nós estamos unidos por um objetivo comum e nós podemos e iremos cruzar quaisquer fronteiras para alcançá-lo. Portanto o nosso conselho a você, Governo do Reino Unido, é o de entender essa declaração como um sério alerta dos cidadãos do mundo. Nós não descansaremos até que nossos colegas manifestantes anônimos sejam soltos.

Thursday, January 20, 2011

Manifesto dos Anônimos Brasileiros



A postura dos cidadãos precisa mudar.

Precisamos sair do conformismo, precisamos lutar pelos nossos direitos. O que temos assistido nos últimos anos é uma série de abusos cometidos pelos governos e corporações contra a liberdade individual de cada ser humano. E por liberdade individual entenda-se tanto a liberdade física quanto, recentemente, a liberdade virtual. Ambas constitutem a liberdade total de um ser humano que deveria ser respeitada, mas não é o que vem acontecendo. Se você discorda das políticas do governo e vai às ruas fazer sua opinião ser ouvida, é massacrado pela polícia. Se você vai contra os interesses do governo na internet, você corre o risco de ser censurado. O primeiro exemplo todos nós já presenciamos pessoalmente ou na televisão, um exemplo do segundo vem acontecendo com a organização WikiLeaks. Depois que o site vazou 250.000 documentos confidenciais da diplomacia americana na internet, tem sido tramada uma conspiração contra seu fundador Julian Assange enquanto leis que pretendem regulamentar e, consequentemente censurar a internet, vem sendo discutidas ao redor do globo. Isso, claro, nos países em que elas ainda não estão em vigor. O ser humano nasceu livre, a internet nasceu livre. É por isso que lutamos. Os governos se aproveitam do poder a partir do consenso dos governados, e nós não vamos mais consentir. 

Nós somos Anonymous. Anonymous é sua família, seus colegas de trabalho, a pessoa que está do seu lado no ônibus e até você. 
Não somos hackers, apenas fazemos protestos virtuais conjuntos contra corporações e governos que privem as pessoas de sua liberdade.
Não somos vândalos, lutamos pela nossa liberdade e por aquilo em que acreditamos. 
Nas escolas, nas praças, nas ruas, nas fábricas, nos campos, estamos presentes. 
Nas passeatas, nas greves, nas ocupações, estamos presentes.
Já vimos guerras, genocídios, torturas, fome, desemprego, opressão e todo o tipo de violações. Não aceitaremos calados, acreditamos e lutamos por um outro mundo. A humanidade vive um momento onde existem apenas duas opções, mudar ou deixar de existir. Escolhemos o caminho da mudança e a realização de manifestações tanto físicas quanto virtuais são nossos meios. Manifestações virtuais são uma nova maneira de lutar que somada às diversas formas de luta já conhecidas, cumprirá grande papel durante este século XXI. Cansamos de esperar. Há mais de 2 séculos nos prometem liberdade, igualdade e fraternidade, mas até hoje só nos ofereceram opressão e exploração. E censura àqueles que ousem opinar contra isso. Basta, nós lutaremos pela verdadeira independência. 



Eis nossos princípios, 

Abominamos proibições, o oposto de liberdade; 
Abominamos censura, a informação deve ser sempre livre para todas as pessoas;
Abominamos órgãos de imprensa corruptos, que deixam de noticiar a verdade ao povo e viram marionetes dos governos, assim como abominamos essa interferência a liberdade de imprensa promovida pelos próprios;
Abominamos a censura e o monitoramento das pessoas;
Abominamos qualquer violação da privacidade pessoal de alguém cometida pelo estado ou corporações, independente de qual seja o motivo da violação; 
Abominamos guerras, um jogo macabro jogado numa mesa de debates entre meia dúzia de políticos enquanto centenas de milhares de seres humanos, independente de serem civis ou militares, morrem em campos de batalha destruindo famílias e toda a vida que aquelas pessoas teriam pela frente;
Abominamos discriminação, seja ela étnica ou social;
Abominamos qualquer forma de exploração
Abominamoss a opressão que o estado usa contra aqueles que discordem da opinião de políticos e protestem, opressão essa manifestada -mas não resumida a- na forma do abuso policial e da censura. 
Abominamos o modelo de sociedade escravista e alienador, que força as pessoas a se dedicarem a seus trabalhos a ponto delas não terem tempo de pensar sobre as coisas que realmente importam e atrocidades cometidas no mundo em que vivem, sendo naturalmente forçadas a se omitirem e deixarem tudo nas mãos de políticos desonestos e estados opressores, esses que, por sua vez, cometem mais atrocidades. Transformando o atual modelo de sociedade em uma bola de neve atroz. 

Defendemos a liberdade, sagrada e inerente a cada ser humano;
Defendemos que os interesses do povo são mais importantes que os interesses de qualquer governante e de qualquer corporação;
Defendemos o direito desse mesmo povo demonstrar sua insatisfação livremente - liberdade de expressão, chega de opressão; 
Defendemos o software livre;
Defendemos a internet como fonte inviolável de conhecimento ilimitado; 
Defendemos a liberdade de imprensa.



Dialogar com as pessoas é a parte mais importante de qualquer processo conscientizador. Conversaremos com as pessoas sobre o que elas deveriam ter, mas que tem sido tirado delas. 
Acreditamos nos seres humanos como seres individuais com capacidade ilimitada de mudar o ambiente que os cerca, basta que eles queiram e ajam. 
Acreditamos no potencial individual de cada um, mas também acreditamos que unidos podemos muito mais.


Não há justiça sem liberdade. A liberdade não faz promessas e nem deixa de cumpri-las como a justiça. 
Os governo e as corporações se apropriaram do planeta Terra
E a Igreja vende o céu
o que sobrou para nós?

Levante-se e lute!
 
Nós nunca perdoaremos. Nós nunca esqueceremos. Nós somos Anonymous. Somos uma Legião.

Wednesday, January 19, 2011

Em 2011 o Mundo Será Dividido por Zero



Caso as legendas não apareçam, cliquem em CC na caixa de exibição do vídeo, logo abaixo da barra de duração do mesmo.

Nós somos anônimos
Nós somos uma legião
Nós não perdoamos
Nós não esquecemos
Nos aguarde.

Friday, January 14, 2011

Pela Liberdade, por Bradley


Pela liberdade de expressão.
Pelo fato de que expor um crime de guerra não é crime
E quem tortura quem expõe a verdade é o verdadeiro criminoso

Nós nunca nos calaremos até que o Bradley esteja solto e jamais esqueceremos, jamais perdoaremos o que foi feito com ele.

#FREEBRADLEY!

Thursday, January 13, 2011

Protestos Mundiais dia 15 de Janeiro



Dia 15 de janeiro convocamos todos a participarem do primeiro de uma série protestos mundias em favor do WikiLeaks e da liberdade de expressão.

No seguinte arquivo há uma pequena variedade de flyers e cartazes (a maioria são variações da imagem acima) para quem não sabe por onde começar na elaboração do flyer ou quer aumentar a variedade de material distrubuído. É fortamente encorajado que todos façam seus próprios flyers e/ou cartazes, mas, acima de tudo, o importante é agir



Nós somos Anonymous. 
Nós não perdoamos.
Nós não esquecemos.
Aguardem-nos.

Introdução




Anonymous é você. Anonymous é sua família, seus amigos e seus companheiros de trabalho. Anonymous é a consciência coletiva que, graças ao mundo digital, pode se expandir sem fronteiras. Anonymous é a esperança de liberdade de todos os cidadãos do mundo em sua luta contra a opressão governamental.


Anonymous é uma idéia, um conceito. Anonymous não tem líderes, pois todos nós somos donos de nosso próprio destino. Participando ativamente das atividades do Anonymous você assegura sua própria luta por suas liberdades fundamentais e compartilha tempo e esforços com pessoas que, como você, creem em outro modo de organização. Use sua força.

Somos pessoas que vemos cortada a liberdade, principalmente na internet, em nome de grandes interesses estatais e corporativos, como se fossemos simples marionetes, sem direito a reclamar nem protestar contra nada. Mas não somos. Dizemos basta, temos nos rebelado contra um sistema que acreditava que estávamos dormindo e submissos, que acreditava que seus atos sairiam impunes e a verdade ocultada para sempre e quem tentasse trazê-la a luz seria castigado duramente.

Temos demonstrado que juntos podemos mais, que juntos podemos mais porque somos Legião, somos Anonymous.

Não perdoamos. Não esquecemos. Não perdoe. Não esqueça.

O que é Anonymous?

Anonymous em protesto contra a "Igreja" da Cientologia em Londres


Anonymous é um fenômeno social que teve início no fórum 4chan em meados de 2004 e que tem se focado em atacar aqueles que coíbem a liberdade. Não tem líderes e sua organização é completamente descentralizada, tendo em conta o número de blogs, chats e redes sociais.

Desde o início os Anonymous começaram a usar em suas manifestações a máscara de Guy Fawkes, popularizada pela HQ e filme V de Vingança (V for Vendetta, no original). O protagonista da história cobria o rosto com a dita máscara enquanto tentava destruir o estado.

Composto em sua maioria por jovens, o grupo conseguiu certa repercussão em seus primeiros ataques à "Igreja" da Cientologia, uma influente seita da qual fazem parte personalidades como Tom Cruise, John Travolta, Jason Lee e José Mota.

As ferramentas usadas pelo Anonymous normalmente foram de ataques DDoS e faxes negros a trotes e outras medidas visando paralisar as operações da seita. Tudo começou com este vídeo, e pouco depois pessoas de todo o mundo se juntaram à causa.

O ano de 2010 foi um marco na história do Anonymous. Wikileaks.ch, um site fundado pelo australiano Julian Assange, protagonizou o maior vazamento de arquivos confidenciais da história, 250.000 documentos diplomáticos pertencentes a embaixadas estadounidenses em todo o mundo. Os documentos deixavam claros crimes de guerra, experiências com crianças e um sistema totalmente fraudulento baseado no dólar. Não demorou muito até o WikiLeaks receber ataques de políticos e instituições que, em alguns casos, chegaram a pedir a morte de seu fundador. Não queriam a revelação da verdade.

E foi aí que apareceram os membros do Anonymous, de novo em sua luta pela liberdade, se convertendo nos maiores defensores de Assange e do WikiLeaks no mundo. As máscaras voltaram a aparecer nas ruas quando, em 7 de dezembro de 2010, Assange foi preso em Londres acusado de um falso crime de abuso sexual.

Tudo fazia parte de uma teia de aranha formada com a intenção de silenciar o WikiLeaks. Paypal, Visa, Mastercard, Amazon e Moneybookers negaram seus serviços ao site. Isso desencadeou uma série de ataques em DDoS por parte do Anonymous aos sites dessas e outras instituições, que foram derrubados e assim ficaram durante horas enquanto os ataques alcançavam repercussão internacional.

A partir daí ficou evidente que o Anonymous era formado por muitas pessoas, mais do que todos podiam imaginar. Ficou claro com a Operação Leakspin (dedicada a traduzir e divulgar documentos vazados pelo WikiLeaks) e mais ainda quando no dia 18 de dezembro seus membros se organizaram para inundar as ruas do mundo com panfletos pró-Wikileaks, Assange e Anonymous. Era a Operação Paperstorm.

O caso WikiLeaks tem servido para juntar milhares de pessoas em todo o mundo na luta pela liberade. Os ataques DDoS foram utilizados contra os governos da Tunísia e Zimbábue, contra o Bank of America, Berlusconi, SGAE e vários daqueles que promovem a censura.

Quanto a fazer parte do Anonymous, não há uma regra específica. Basta tomar conhecimento das ações e colocá-las em prática. Essas informações podem ser conseguidas através de vários perfis pertecentes a integrantes do grupo no Twitter, em fórums, blogs como esse e em nosso CHAT, onde qualquer um pode dar idéias para futuras operações. Todo cidadão é Anonymous, porém se trata de ir mais além e ser ativo.

Wednesday, January 12, 2011

Quem é o criminoso, afinal?

Declaração de Independência do Ciberespaço

por John Perry Barlow*


Governos do Mundo Industrial, vocês gigantes aborrecidos de carne e aço, eu venho do espaço cibernético, o novo lar da Mente. Em nome do futuro, eu peço a vocês do passado que nos deixem em paz. Vocês não são benvindos entre nós. Vocês não têm a independência que nos une.
Os governos derivam seu justo poder a partir do consenso dos governados. Vocês não solicitaram ou receberam os nossos. Não convidamos vocês. Vocês não vêm do espaço cibernético, o novo lar da Mente.
Não temos governos eleitos, nem mesmo é provável que tenhamos um, então eu me dirijo a vocês sem autoridade maior do que aquela com a qual a liberdade por si só sempre se manifesta.
Eu declaro o espaço social global aquele que estamos construindo para ser naturalmente independente das tiranias que vocês tentam nos impor. Vocês não têm direito moral de nos impor regras, nem ao menos de possuir métodos de coação a que tenhamos real razão para temer.
Vocês não nos conhecem, muito menos conhecem nosso mundo. O espaço cibernético não se limita a suas fronteiras. Não pensem que vocês podem construi-lo, como se fosse um projeto de construção pública. Vocês não podem. Isso é um ato da natureza e cresce por si próprio por meio de nossas ações coletivas.
Vocês não se engajaram em nossa grande e aglomerada conversa, e também não criaram a riqueza de nossa reunião de mercados. Vocês não conhecem nossa cultura, nossos códigos éticos ou falados que já proveram nossa sociedade com mais ordem do que se fosse obtido por meio de qualquer das suas imposições.
Vocês alegam que existem problemas entre nós que somente vocês podem solucionar. Vocês usam essa alegação como uma desculpa para invadir nossos distritos. Muitos desses problemas não existem. Onde existirem conflitos reais, onde existirem erros, iremos identificá-los e resolvê-los por nossos próprios meios.
Estamos formando nosso próprio Contrato Social. Essa maneira de governar surgirá de acordo com as condições do nosso mundo, não do seu. Nosso mundo é diferente.
O espaço cibernético consiste em idéias, transações e relacionamentos próprios, tabelados como uma onda parada na rede das nossas comunicações.
Nosso é um mundo que está ao mesmo tempo em todos os lugares e em nenhum lugar, mas não é onde pessoas vivem.
Estamos criando um mundo que todos poderão entrar sem privilégios ou preconceitos de acordo com a raça, poder econômico, força militar ou lugar de nascimento.
Estamos criando um mundo onde qualquer um em qualquer lugar poderá expressar suas opiniões, não importando quão singular, sem temer que seja coagido ao silêncio ou conformidade.
Seus conceitos legais sobre propriedade, expressão, identidade, movimento e contexto não se aplicam a nós. Eles são baseados na matéria. Não há nenhuma matéria aqui.
Nossas identidades não possuem corpos, então, diferente de vocês, não podemos obter ordem por meio da coerção física. Acreditamos que a partir da ética, compreensivelmente interesse próprio de nossa comunidade, nossa maneira de governar surgirá. Nossas identidades poderão ser distribuídas através de muitas de suas jurisdições.
A única lei que todas as nossas culturas constituídas iriam reconhecer é o Código Dourado. Esperamos que sejamos capazes de construir nossas próprias soluções sobre este fundamento. Mas não podemos aceitar soluções que vocês estão tentando nos impor.
Nos Estados Unidos vocês estão criando uma lei, o Ato de Reforma das Telecomunicações, que repudia sua própria Constituição e insulta os sonhos de Jefferson, Washington, Mill, Madison, deTocqueville and Brandeis. Esses sonhos precisam nascer agora de novo dentro de nós.
Vocês estão apavorados com suas próprias crianças, já que elas nasceram num mundo onde vocês serão sempre imigrantes. Porque têm medo delas, vocês incumbem suas burocracias com responsabilidades paternais, já que são covardes demais para se confrontarem consigo mesmos.
Em nosso mundo, todos os sentimentos e expressões de humanidade, desde os mais humilhantes até os mais angelicais, são parte de um todo descosturado; a conversa global de bits. Não podemos separar o ar que sufoca daquele no qual as asas batem.
Na China, Alemanha, França, Rússia, Singapura, Itália e Estados Unidos, vocês estão tentando repelir o vírus da liberdade, erguendo postos de guarda nas fronteiras do espaço cibernético. Isso pode manter afastado o contágio por um curto espaço de tempo, mas não irá funcionar num mundo que brevemente será coberto pela mídia baseada em bits.
Sua indústria da informação cada vez mais obsoleta poderia perpetuar por meio de proposições de leis na América e em qualquer outro lugar que clamam por nosso próprio discurso pelo mundo. Essas leis iriam declarar idéias para serem um outro tipo de produto industrial, não mais nobre do que um porco de ferro. Em nosso mundo, qualquer coisa que a mente humana crie, pode ser reproduzida e distribuída infinitamente sem nenhum custo. O meio de transporte global do pensamento não mais exige suas fábricas para se consumar.
Essas medidas cada vez mais coloniais e hostis os colocam na mesma posição daqueles antigos amantes da liberdade e auto- determinação que tiveram de rejeitar a autoridade dos poderes distantes e desinformados.
Precisamos nos declarar virtualmente imunes de sua soberania, mesmo se continuarmos a consentir suas regras sobre nós. Nos espalharemos pelo mundo para que ninguém consiga aprisionar nossos pensamentos.
Criaremos a civilização da Mente no espaço cibernético. Ela poderá ser mais humana e justa do que o mundo que vocês governantes fizeram antes.
Davos, Suíça 8 de fevereiro de 1996

*John Perry Barlow é um fazendeiro de rebanho aposentado, um lírico do Grateful Dead e co-fundador da Eletronic Frontier Foundation Fundação da Fronteira Eletrônica.

Retirado de: Revista MORTAL

A INTERNET NASCEU E VIVERÁ LIVRE!